O PATRONO

Resumo Biográfico

           
             O Engenheiro Isac Pereira Garcez”, patrono da Escola Normal e Ginásio Estadual de Dracena, nasceu em Queluz, Estado de São Paulo, no dia 1º de outubro de 1886. Seus pais, o Capitão José Carlos de Oliveira Garcez” e Da. Emiliana da Silva Pereira, fazendeiros naquele município, pertenciam à velha geração de paulistas que no amanho da terra e na cultura do café, foram fixando os núcleos populacionais do Vale do Paraíba, focos de irradiação que se estenderiam pelo interior de todo o Estado na obra de civilização que hoje constitui legítimo orgulho de nossa gente.
            Em sua cidade natal, aprendeu Isac Pereira Garcez às primeiras letras cursando depois e sucessivamente os Colégios Nogueira da Gama, de Jacareí e o Diocesano, de São Paulo. Dotado de excepcional inteligência e amor aos estudos, concluiu com distinção seus preparatórios, ingressando na Escola Politécnica de São Paulo quando contava apenas 14 anos de idade. Perlustrou com raro brilho este Instituto de Ensino superior, impondo-se ao respeito de mestres e condiscípulos, não só pelo vigor de seu talento, mas principalmente por suas qualidades de coração  e pelo caráter sem jaça que haveria de ser característico de toda sua existência e orgulho de seus descendentes. Escolhido pelos colegas como orador da turma, faz, na cerimônia da colação de grau, realizada a 29 de Junho de 1909, discurso memorável.
            Na engenharia – àquela época, entre nós, em seu período histórico – encontrou Isac Pereira Garcez sua verdadeira vocação, da qual nunca se afastaria em tempo algum de sua vida.
            Recém-formado, deixou as comodidades que lhe poderia oferecer a metrópole, para, como autêntico pioneiro, embrenhar-se no Brasil Central, trabalhando no meio das selvas, na construção da primeira estrada de ferro que riscou o solo daquela região, unindo a cidade de Araguari à velha capital de Goiás.
            Voltando a São Paulo, depois de concluída aquela ferrovia, foi nomeado Engenheiro de Distrito da Diretoria de Obras Públicas. Àquela época, o organismo estatal era ainda pouco desenvolvido, pelo que todas as funções que hoje se distribuem pelos diversos Departamentos do Estado (Estradas de Rodagem, Obras Públicas, Saneamento, Águas e Energia Elétrica, etc.) estavam centralizadas na Diretoria de Obras Públicas. Dessa forma, ao Engenheiro de Distrito, com sede na cidade do interior que lhe era designada, competia administrar todas as obras públicas que se realizassem no distrito a ele confiado, bem como fiscalizar as que, por empreitada, o estado resolvesse executar. Mais de vinte anos, como engenheiro de distrito, Isac Pereira Garcez percorreu todo o Estado de São Paulo, deixando sua passagem marcada pelas obras que realizou, avultando dentre elas dezenas de prédios escolares, edifícios para fóruns, cadeias, além de pontes, estradas de rodagem, cujos traçados estudou, realizando a seguir sua construção, serviços de irrigação de lavouras e inúmeros outros. Pode-se mesmo dizer que poucas regiões do estado não ostentam, numa de suas cidades, obra pública cujo projeto ou execução não seja de autoria daquele ilustre engenheiro.
            Exerceu Isac Pereira Garcez comissões de grande importância, trabalhando durante algum tempo na antiga Repartição de Águas e Esgotos da Capital e na Estrada de Ferro Sorocabana.
            No governo Júlio Prestes, foi chamado de São Carlos, onde exercia o cargo de Engenheiro de Distrito, para ser o Vice-Diretor do Departamento de Estradas de Rodagem, sendo de lembrar que se naquela ocasião as rodovias eram construídas em ritmo acelerado e tinham preferência sobre as demais obras públicas, pois orientava-se o governo pela conhecida e sábia máxima, segundo a qual “ Governar é abrir estradas”.
            Também Armando de Salles Oliveira que, como colega admirava Isac Pereira Garcez” desde os tempos da Politécnica, ascendendo ao governo do Estado mandou-o chamar para confiar-lhe a direção de importante plano, ideado com oportuna visão, para a execução de serviços de saneamento nas cidades do interior, plano que, realizado, constitui hoje um dos maiores, senão o maior título de glória de seu profícuo governo. Os municípios àquela época ( como também hoje), vítimas de uma iníqua distribuição de rendas, não possuíram meios suficientes para realizarem os serviços públicos mais necessários para o conforto de suas populações. Raras eram as cidades do “ hinterland” dotadas de serviço de água e esgoto e as poucas que lhe dispunham desse melhoramento, queixavam-se da  falta de meios que as impossibilitava de estender as redes e até mesmo de reparar os naturais estragos que o tempo nelas ocasionava.
            A pedido de Armando Salles, o Engº Isac Pereira Garcez” estruturou, no Departamento das Municipalidades a Diretoria de Engenharia, da qual foi o primeiro e o grande Diretor, estabelecendo um plano que a prática demonstrou ser excelente: o Estado socorria aos municípios que desejassem executar serviços de Águas e Esgotos. Organizava o projeto a ser realizado. Financiava e administrava as obras, entregando-as concluídas ao uso da população. Com isso, a cidade muito se beneficiava, tornando melhores as condições de vida de seus habitantes. O Estado, por sua vez, nada tinha a perder, pois, executado o serviço, ficava com o direito de arrecadar as taxas pagas pelos munícipes usuários, até receber a importância que emprestara para o financiamento das obras.
            Este plano, tão simples e eficiente, veio beneficiar a maior parte dos municípios paulistas e hoje raríssimas são as cidades de nosso Estado que, entre seus melhoramentos, não contam uma rede de águas e esgotos à altura de sua importância. Na Diretoria de Engenharia do Departamento das Municipalidades trabalhou o Engº Isac Pereira Garcez” os últimos 12 anos de sua profícua vida profissional, dando o máximo de seus esforços e de seu entusiasmo pelo atendimento dos justos anseios de nossas populações interioranas. Ele próprio, muitas vezes se encarregava, nos casos que ofereciam maiores dificuldades, do projeto das obras e não raro até mesmo da execução dos serviços. Em muitas das cidades em que se fez sentir sua capacidade de engenheiro, ainda hoje é comum ouvir se elogios à excelência das obras por ele realizadas.
            Respeitado entre seus colegas, que nele viam um expoente autêntico da classe, foi o Engº Isac Pereira Garcez por diversas vezes eleito para o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, tendo exercido durante vários anos a Presidência desse organismo, ao qual incumbe fiscalização das leis que regulamentam no País o exercício da Engenharia e da Arquitetura.
            Cidadão exemplar, não houve movimento cívico a que não emprestasse o apoio de sua solidariedade e o prestígio de seu nome honrado. Avesso à política partidária, nunca porém se desinteressou pelos problemas do Estado e do País, encarando-os de maneira sábia e prudente, à luz de sua formação profundamente tradicional e cristã. Colaborou com entusiasmo no movimento Constitucionalista de 1932, tendo atuado principalmente no setor Norte, como encarregado dos serviços de engenharia das zonas de combate e de ocupação.
            Não apenas como engenheiro deixou o patrono da Escola Normal e Ginásio Estadual de Dracena seu nome ligado à época em que viveu. No trato com os seus subordinados e na vida de família, teve o Engº Isac Pereira Garcez oportunidade demonstrar suas qualidades de excelente educador. Aliava à firmeza, uma inexcedível bondade que o tornava respeitoso e estimado.
            Casou-se em 1911, em São Paulo, com a Srª  Dª Maria Dulce Nogueira Garcez filha, do Dr. Lucas Nogueira da Silva e de Dª  Maria Rita Ribeiro da Silva, pertencentes ambos a velhas famílias radicadas no Estado do Rio de Janeiro. Desse feliz consórcio nasceram 10 filhos. Engenheiro de grande valor, mas dedicando toda sua atividade ao serviço público, com os modestos vencimentos que o Estado costuma pagar a seus servidores criou e educou sua numerosa família, procurando incutir nos filhos os mesmos princípios de honradez e de bondade que constituíram a razão de ser de sua vida, que cristãmente findou na cidade de São Paulo, no dia 17 de Agosto de 1946.


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